sábado, 23 de julho de 2011

Dentes com lesão periapical crônica diagnosticada e tratada durante o tratamento ortodôntico: quando retomar a aplicação de forças?

Como a histopatologia é importante. Penso sempre que é isso que nos diferencia de qualquer outro profissional menos preparado.

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Autor: Alberto Consolaro (Prof. Titular de Patologia da FOB-USP e da Pós-Graduação na FOB e FORP-USP.)


O termo lesão periapical crônica geralmente é utilizado para identificar lesões inflamatórias crônicas nos tecidos que circundam e se relacionam diretamente com o ápice dentário. Às vezes emprega-se o termo periapicopatia crônica como sinônimo de lesão periapical crônica.

Entre estas lesões periapicais crônicas estão o granuloma periapical, o cisto periodontal apical e o abscesso dentoalveolar crônico.

O abscesso dentoalveolar crônico apresenta-se necessariamente com fístula intra ou extrabucal. O granuloma periapical apresenta-se como lesão radiolúcida delimitada, mas não completa e uniformemente circunscrita (Na figura); raramente atinge dimensões maiores que 1 cm de diâmetro. No cisto periodontal apical esta área radiolúcida tende a ser bem delimitada e circunscrita por uma linha radiopaca definida e normalmente contínua. No abscesso dentoalveolar crônico a área radiolúcida é mal definida e difusa em seus limites com o osso vizinho.



Do granuloma periapical deriva o cisto periodontal apical a partir da proliferação dos restos epiteliais de Malassez normalmente encontrados no ligamento periodontal.

O crescimento do cisto periodontal apical é tão lento que raramente pressiona  os tecidos periodontais dos dentes vizinhos a ponto de comprimir os vasos e matar os cementoblastos que revestem e protegem as raízes.  Uma das características do cisto periodontal apical, à medida que aumenta seu tamanho, implica no deslocamento ou afastamento das raízes dos dentes vizinhos envolvidos, sem induzir reabsorções radiculares radiograficamente detectáveis. Isto ajuda a diferenciá-lo de outras lesões como, por exemplo, o ameloblastoma.

O princípio terapêutico de qualquer doença inflamatória geralmente caracteriza-se pela identificação e eliminação da causa. No caso dos granulomas periapicais com o tratamento endodôntico adequado caracterizado pelo preenchimento do canal radicular e, se possível, dos canais acessórios, haverá a eliminação do agente agressor representado pela microbiota do canal radicular infectado.

Após 30 a 40 dias pode-se considerar a região periapical e apical de dentes com lesões periapicais crônicas tratadas endodonticamente de forma adequada, apta a ser submetida à movimentação ortodôntica. O movimento dentário induzido não induz suficiente desorganização e compressão vascular nesta região a ponto de dificultar o reparo periodontal apical.

Se a regressão da lesão periapical crônica não mostrar sinais de regressão aos 3, 6 e 12 meses depois do tratamento endodôntico isto não deve ser atribuído à movimentação ortodôntica realizada, mas sim aos vários fatores locais envolvidos na taxa de insucesso de tratamento de dentes com necrose pulpar e lesões periapicais crônicas.

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