quarta-feira, 30 de março de 2011

57 anos de acompanhamento das mudanças oclusais, saúde oral e do comportamento de pacientes em relação aos seus dentes

Será que as características da oclusão  se modificam com os anos? 

E após 57 anos?

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Autores: Arild Stenvik; Lisen Espeland, Rolf E. Bergb. (Departamento de Ortodontia / Universidade de Oslo)

Um grande número de investigações tem avaliado as mudanças a longo prazo na oclusão. Conhecer essas mudanças é essencial para o planejamento do tratamento ortodôntico e a estabilidade de seu resultado.

A maioria desses estudos é baseada no acompanhamento de pacientes com oclusão normal. Poucos acompanharam as mudanças acontecidas na maloclusão.

Outras perspectiva de mudanças a longo prazo é em relação à saúde oral e à qualidade de vida dos pacientes portadores de maloclusões. Em alguns países, em que o governo auxilia economicamente no tratamento, é preciso apresentar documentos a fim de provar que o tratamento ortodôntico é necessário para o paciente.

Proposta do estudo:

- Examinar as mudanças a longo prazo na oclusão de pacientes que possuem maloclusão na infância e compará-las com crianças que apresentavam uma oclusão normal.


Um único paciente da amostra apresentava oclusão normal aos 8 anos de idade e desenvolveu maloclusão após os 65 anos de idade.

Conclusões:
- Em pacientes com mordida profunda, houve uma tendência a aumento do overbite;
- A mordida cruzada posterior manteve-se e tornou-se uma maloclusão de Classe III;
- Pacientes com oclusão normal relataram boas experiências e atitudes em relação a seus dentes. Para pacientes com maloclusão, as respostas variaram.


domingo, 20 de março de 2011

Entrevista: Dr. Hans Pancherz

“O Prof. Dr. Hans Pancherz, para quem acompanha o desenvolvimento da Ortodontia e Ortopedia Facial, dispensa qualquer apresentação. Com suas inúmeras publicações, desde o início da década de 70, este pesquisador tem demonstrado, com sua metodologia impecável e honestidade de propósito, como desenvolver pesquisas com grande impacto clínico e que responde a questionamentos significantes.

Cabe a ele a re-introdução do aparelho de Herbst, há 25 anos atrás, tendo levado esta opção terapêutica a ser uma das mais usadas na Europa e Estados Unidos, no tratamento das maloclusões de Classe II, que apresentem sinais clínicos e cefalométricos de deficiência mandibular.

Atualmente ele é Chefe do Departamento de Ortodontia da Universidade de Giessen, na Alemanha, tendo iniciado sua carreira na Suécia. No último mês de Março, tivemos a honra de receber o Prof. Pancherz aqui em São José dos Campos, para ministrar um brilhante curso sobre o aparelho de Herbst. Dotado de um carisma e simpatia ímpares, o Professor Pancherz encantou a todos, deixando uma mensagem, de que não precisamos ser idolatrados ou inatingíveis para demonstrar nosso conhecimento.”

Prof. Dr. Weber Ursi
UNESP - São José dos Campos – SP




Uma pergunta para dar “água na boca” e incentivar a leitura do resto da entrevista:

O senhor acha que é possível corrigir uma Classe II total, com largura de um pré-molar, com overjet de 11mm, em um período de 6 a 8 meses?
(Pergunta feita pelo Dr. Kurt Faltin Jr.)

Sim, fazemos isto regularmente.


quarta-feira, 16 de março de 2011

Comparação de dois sistemas de tomografia computadorizada do tipo Cone Beam versus a radiografia panorâmica para a localização do canino superior impactado e detecção de reabsorção radicular

Um artigo muito recente sobre essa, ainda para alguns, novidade: a Tomografia Computadorizada Cone Beam.

Algumas perguntas são pertinentes: será que as imagens em 3D fazem diferença no diagnóstico de dentes impactados? Qual seria o impacto clínico dessa influência?


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Autores: Ali Alqerban; Reinhilde Jacobs; Steffen Fieuw; Guy Willems. (Departamento de Ortodontia e Radiologia, Universidade Católica de Leuven, Bélgica).

O tratamento de caninos impactados é lento e potencialmente difícil. O canino é o segundo dente mais acometido por impacção, depois dos terceiros molares. Entretanto, ao contrário dos terceiros molares, o canino está localizado em uma área importante esteticamente e funcionalmente (Stewart et al., 2001).
O diagnóstico mal realizado da impacção do canino pode ser decisivo para a vitalidade dos dentes adjacentes. Afinal, reabsorções radiculares são, em sua maioria, assintomáticas, caso não exista envolvimento pulpar (Walker et al., 2005).
Visualizações de reabsorções radiculares, bem como modificações em sua morfologia podem ser mais facilmente diagnosticadas por meio da tomografia computadorizada do tipo Cone Beam (CBCT) (Ericson et al., 2000).
O método radiográfico historicamente considerado como padrão para o melhor diagnóstico da impacção do canino superior é a radiografia panorâmica (Ericson e Kurol, 1988).
Esse estudo avaliará dois sistemas de tomografia computadorizada do tipo Cone Beam com a radiografia panorâmica na localização do canino superior impactado e detecção de lesões radiculares.


A – Radiografia panorâmica. B – Tomografia computadorizada Cone Beam.

Conclusões:
- Diagnóstico e exame radiográfico precoces são importantes para se evitar reabsorções radiculares severas nos dentes adjacentes.
- O potencial de diagnóstico da tomografia computadorizada é superior à radiografia panorâmica e pode influenciar a decisão do plano de tratamento do paciente. Além de livrá-lo de uma exposição radiográfica desnecessária.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Desenvolvimento de uma medida de qualidade de vida específica para pacientes com deformidades de Classe II: Validação do questionário


Como saber se estamos fazendo bem às pessoas com a nossa profissão?
O que realmente muda na vida delas?

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Autores: Susan J. Cunningham; Andrew M. Garratt; Nigel P. Hunt. (Universidade de Londres / Universidade de Oxford, Reino Unido)
Referências: Community Dent Oral Epidemiol., n.30,  p.81–90, 2002.

As medições de qualidade de vida na área da saúde tem evoluído rapidamente. Afinal, cerca de 1000 novos artigos são publicados por ano sobre esse assunto.
A evolução das intervenções e procedimentos na área de saúde, compreensivamente, requer medições dos desfechos tanto para o paciente, quanto para o clínico. Os dois gostariam de saber, por exemplo, se os sintomas são reduzidos após a intervenção realizada.
Um conceito, relativamente novo na Odontologia, é entender o indivíduo como um todo. Não tratar apenas a boca do paciente, separando-a do corpo.

Há duas formas básicas de se mensurar as mudanças na qualidade de vida do paciente: através de instrumentos genéricos (que podem, por exemplo, detectar efeitos adversos) e instrumentos específicos (capazes de detectar mais sensivelmente mudanças clínicas importantes em determinada doença).
Os questionários são, geralmente, desenvolvidos originalmente para o uso em populações restritas.
Entre os questionários utilizados atualmente, encontrados na literatura, está o OHIP (Perfil de Impacto na Saúde Oral), utilizado para perceber nos pacientes o impacto social das maloclusões.
Os tratamentos orto-cirúrgicos, frequentemente, pretendem melhorar a qualidade de vida do paciente. O questionário utilizado nesses pacientes, que são, muitas vezes, jovens, é o Questionário de Qualidade de Vida Ortognático.
O objetivo desse trabalho foi testar e validar esse questionário.

Resultados:
Quanto maior a coluna, pior a qualidade de vida dos pacientes, considerando: aspectos sociais, dentários, funcionais e estéticos.

Conclusões:
- De uma amostra de 65 pacientes, 62 pacientes responderam o questionário e foram utilizados para a validação, comprovando uma alta taxa de aceitação desse por parte dos pacientes.
- O estudo mostrou uma boa evidência para validação e reprodutibilidade do questionário estudado.
- Os resultados da pesquisa apóiam as sugestões de que a deformidade dento-facial afeta a qualidade de vida do paciente e que o tratamento orto-cirúrgico pode melhorá-la.

sábado, 5 de março de 2011

Fatores associados com a satisfação do paciente a longo prazo

Será que todo paciente sente-se feliz após o tratamento ortodôntico?
Mas, por quanto tempo?

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Autores: Nair Galvão Maia; David Normando; Francisco Ajalmar Maia; Maria Ângela Fernandes Ferreira; Maria do Socorro Costa Feitosa Alves. (Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Universidade Federal da Paraíba / Universidade Federal do Pará – Brasil)
Referências: Angle Orthodontist, v.80, n6, 2010.

O objetivo final do tratamento ortodôntico é obter uma oclusão normal ou ideal. Estudos de acompanhamento a longo prazo mostram que os casos tratados ortodonticamente tendem a recidivar no sentido da maloclusão inicial.
A qualidade e estabilidade do desfecho do tratamento ortodôntico podem mensurados, sendo, a satisfação do paciente uma importante variável a ser aferida nesse panorama e pouco relatada na literatura.
Estudos sugerem que os adultos tem uma menor preocupação com a estética dentofacial, comparando-se com os adolescentes. Além disso, as mulheres tendem a ser mais insatisfeitas com a aparência do que os homens.
O uso de variados questionários acaba dificultando a comparação de resultados dos graus de satisfação.
Estudos prévios mostraram que pacientes tratados sem extrações apresentaram-se mais insatisfeitos com os dentes, após o tratamento ortodôntico. Idade, sexo e tratamento ortodôntico prévio não parecem ter relação com a satisfação do paciente ao fim do tratamento.

Resultados:
- Cerca de 77% dos pacientes da amostra de 209 pacientes sentiram-se satisfeitos quando questionados 5 anos após o término do tratamento ortodôntico.
- Não foi encontrada relação entre a satisfação do paciente e extrações por motivos ortodônticos (Tabela 1).
- O uso da contenção poderia contribuir para a satisfação do paciente a longo prazo.


Conclusões:
- A longo prazo, a satisfação do paciente está levemente associada (estatisticamente) com a estabilidade do tratamento ortodôntico.
- Sexo, idade e extrações por motivos ortodônticos não apresentam uma relação significante com a satisfação do paciente a longo prazo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Tratamento ortodôntico com um incisivo central superior anquilosado auxiliado pela distração osteogênica

O que fazer quando o movimento dentário passa a ser um desafio maior do que o esperado?

É bom lembrar da importância da cautela diante de "novas" opções de tratamento.

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Autores: Dogan Dolanmaz; Ali Ihya Karaman; A. Alper Pampu; Ahu Topkara (Departamento de Ortodontia da Universidade de Konya – Turquia)
Referências: Angle Orthodontist, v.80, n.2, 2010.

A anquilose dentária é a fusão da superfície radicular com o osso alveolar, obliterando então o ligamento periodontal.
Causas reportadas na literatura para a anquilose são: mudanças metabólicas, predisposição genética, traumas dentários, luxações, infecções periapicais, recolocação do dente no alvéolo após avulsão e procedimento cirúrgico prévio.
A evidência mais importante da anquilose dentária é a impossibilidade de movimentação durante a aplicação de força ortodôntica.
Algumas opções de tratamento para a anquilose incluem extração e reabilitação protética, luxação cirúrgica, corticotomia e osteotomia.
Outra modalidade contemporânea de tratamento é a distração osteogênica. Técnica promissora para tracionar o dente anquilosado até o nível do plano oclusal.


Dois dias após a cirurgia, foi iniciado o tracionamento do dente anquilosado.


Após duas semanas, o elemento dentário já estava quase ao nível do plano oclusal.


Até hoje, diversos protocolos de tratamento tem sido propostos para a anquilose dentária. Mas alguns deles resultam em reanquilose e reabsorção radicular externa. Implantes requerem osso alveolar sadio que, frequentemente, não é encontrado em casos de extração do dente aquilosado. Além disso, próteses podem não ser tão estéticas em alguns casos.
A distração osteogênica promove a expansão e regeneração do tecido gengival simultaneamente ao tracionamento e processo de remodelação óssea.

Link do artigo (PDF): http://angle.org/doi/pdf/10.2319/033009-182.1
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